31 agosto 2006

Ser Dehoniano

Além do eu...
por Josimar Baggio

“A paz deve ser a minha paz, numa relação que parte de um eu e vai para o Outro, no desejo e na bondade em que o eu ao mesmo tempo se mantém e existe sem egoísmo” (Emmanuel Lévinas)
A vocação à vida é a primeira de todas as vocações. É o chamado primeiro que Deus faz a todos os seres humanos como expressão do amor que Ele tem por cada um, individualmente. A vida é o Dom de Deus por excelência, donde brotam todos os outros dons deixados a nós. Por esta dádiva somos primeiramente chamados por Deus a bem viver...com tudo o que isso implica.
Nos tempos atuais, temos visto uma multidão de pessoas que dizem ter “perdido o sentido da vida”; a correria do mundo contemporâneo, o estresse, os ateísmos vigentes, as novas tecnologias e os “progressos” em geral parecem não ter preenchido muitas lacunas existenciais do ser humano. E este, ao que parece, nunca esteve tão solitário, mesmo estando em meio a multidões; tão fechado em si mesmo, ainda que existam tantas pessoas precisando de algum tipo de auxílio; e tão confuso, mesmo que “respostas” sobre as diversas questões surjam aos montes todos os dias. Parecemos ter perdido o “fio da meada”.
As pessoas foram sendo levadas pelo “vento” que vem do fechamento aos seus próprios desejos, ao egoísmo ético. Como se ele (o homem) bastasse a si mesmo, não precisando nem de Deus, que o criou; nem do irmão(a) que com ele convive diariamente.
Como se o ter e o fazer fossem anteriores aos valores do ser, do servir, do interagir.
Fato é que o “sentido da vida” tão buscado... não vem só. A auto-estima não cai do céu. É preciso dar um novo passo... e na atualidade, penso que o passo a ser dado é lançar-se em direção à outra pessoa; é libertar-se um pouco do próprio umbigo; é passar do sobreviver para o viver, o conviver e acima de tudo o amar. Por isso diz-se que o amor resume toda a lei.
Num mundo de tantos necessitados, não só de alimentos mas de amor, de atenção e de alguém que os possa escutar... creio que o chamado de Deus à vida nos impele a pensarmos no irmão. O sentido da vida se perde quando vivemos para nós mesmos e para os nossos interesses. Quando nos tornamos co-responsáveis também pela felicidade e pelo bem-estar da outra pessoa adquirimos um novo vigor. E os limites, as fraquezas e as contingências, tão presentes em nós... escondem-se por detrás da grande missão que é a de amar e de colocar-se à disposição de todas as pessoas que encontrarmos. E esse, sem dúvida, é um grande SENTDO para a vida de qualquer ser humano.

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