22 fevereiro 2007

Veja o que vem na edição de março


Edição n. 127 - "Semana Santa: devoção, fé, emoção..."

Nessa edição, resolvemos mostrar algumas manifestações de fé e devoção na Semana Santa. Nossa reportagem fala de três grandiosos eventos na Semana Santa em três lugares do Brasil. Com certeza, há muitos outros em vários locais e tradições que mereciam ser mostradas. Que essas sirvam de incentivo e lembrem a cada um de nós desse momento litúrgico que fala de fé, emoção, devoção. Que a Semana Santa que se inicia no fim de março possa ser um momento de renovação da sua confiança e do seu amor a Deus.
Mas, na nossa edição tem muito mais: nossa homenagem às mulheres (Leituras de vida e Memorandum), uma entrevista sobre a Economia de Comunhão, Campanha da Fraternidade (Notas pastorais), artigos relacionados ao ministério episcopal (Direito Canônico e Pensando a fé).


21 fevereiro 2007

Entrevista: pe. José Ornelas de Carvalho, scj


Pe. José Ornelas, scj, superior geral da Congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus esteve em Joinville no dia 16 de fevereiro, durante a viagem para acompanhamento da presença dehoniana na América. Natural da Ilha da Madeira – 1.000 km de Lisboa, Portugal – o padre deve permanecer no Brasil por dois meses, tempo que julga suficiente para conhecer todas as províncias brasileiras que, se somadas, têm a maior concentração de dehonianos no mundo.
Pe. Ornelas iniciou a sua caminhada vocacional num seminário diocesano, mas já conhecia a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus desde a escola. “Os missionários dehonianos passavam convidando os alunos para ingressar na Congregação mas, eu não queria abandonar a minha cidade”, declarou ele que, depois de algum tempo, ingressou no seminário dehoniano justamente para fazer missão. Ordenado em 1981, o padre já havia trabalhado como missionário em Roma desenvolvendo atividades com os grupos bíblicos de reflexão.
O trabalho missionário é característico dos padres do Sagrado Coração de Jesus que hoje tem forte atuação no Congo, Filipinas, Equador, Índia e Europa. No ano de 1964, a trágica e dramática missão no Congo teve 28 missionários martirizados, entretanto, é este o destino definido pelo ex-provincial da BM – Brasil Meridional, pe. Osnildo, scj, que agora segue como missionário. A Congregração já enviou mais de 600 missionários para o exterior e pe. Ornelas espera que a projeção missionária possa se intensificar a partir do Brasil. “A América”, diz ele, “é o continente mais católico do mundo”. O grande desafio da Igreja Católica é a evangelização da Ásia onde apenas 3% da população é cristã.
Hoje, fala-se muito em globalização como método de aproximar uns dos outros, no entanto, já nos Atos dos Apóstolos a globalização estava presente. “A comunhão em Cristo permitia que os cristãos fossem globalizados”, ressalta. O padre lembra ainda que muitas pessoas são pessimistas quanto a vida da Igreja, acreditando que esta é fraca. “A Igreja já atravessou continentes e culturas para levar a graça de Deus há muito tempo. O evangelho continua a gerar movimentos”, disse.
Pe. Ornelas, que visitou a Casa de Alimentação São Judas Tadeu, acredita que a exemplo da mensagem que está exposta na casa – “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9,10) – os cristãos só alcançarão a multipliacação do pão e da graça se doando.

Práticas de Fé
“A Bíblia precisa ser entendida no seu contexto, sendo lida do início ao fim”, defendeu o padre. Para ele, a prática bastante comum de abrir a palavra de Deus para saber o que Deus quer de nós é errada. “Escutar aos outros também é uma forma de escutar Deus”, argumentou.

Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
Devoto do Sagrado Coração de Jesus desde a infância, pe. Ornelas recorda que naquela época ninguém faltava a missa na primeira sexta-feira do mês. “A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é a grande devoção”. Segundo ele, se deixar-nos penetrar lentamente pela água viva que jorra do coração solidário de Cristo o nosso coração alcançará a mesma solidariedade.


Sobre a espiritualidade dehoniana que tem como centro o coração de Jesus e sua reparação, pe. Ornelas diz não ser essa uma espiritualidade pequena, mesmo nos últimos tempos sendo encarada por uma linha intimista. “A reparação do coração salva”, garantiu ele. O coração de Cristo precisa ser reparado porque sofre junto com o sofrimento de cada um e, sendo assim, a melhor forma de reparação é amando é ajudando o irmão que sofre, amenizando o seu sofrimento. “A reparação do coração de Cristo é uma entrada direta na espiritualidade do mistério de Deus”, concluiu.


Entrevista concedida a Rayana Borba, Joinville SC

13 fevereiro 2007

Mensagem do Papa para a Quaresma

Hão de olhar para Aquele que trespassaram
(Jo 19,37)

Queridos irmão e irmãs!

“Hão de olhar para Aquele que trespassaram” (Jo 19, 37). Este é o tema bíblico que guia este ano a nossa reflexão quaresmal. A Quaresma é tempo propício para aprender a deter-se com Maria e João, o discípulo predileto, ao lado d´Aquele que, na Cruz, cumpre pela humanidade inteira o sacrifício da sua vida (cf. Jo 19, 25). Portanto, dirijamos o nosso olhar com participação mais viva, neste tempo de penitência e de oração, para Cristo crucificado que, morrendo no Calvário, nos revelou plenamente o amor de Deus. Detive-me sobre o tema do amor na Encíclica Deus caritas est, pondo em realce as suas duas formas fundamentais: o ágape e o eros.

O amor de Deus: ágape e eros
A palavra ágape, muitas vezes presente no Novo Testamento, indica o amor oblativo de quem procura exclusivamente o bem do próximo; a palavra eros denota, ao contrário, o amor oblativo de quem procura exclusivamente o bem do próximo; a palavra eros denota, ao contrário, o amor de quem deseja possuir o que lhe falta e anseia pela união com o amado. O amor com o qual Deus nos circunda é sem dúvida ágape. De fato, pode a criatura humana é e possui é dom divino: é portanto a criatura que tem necessidade de Deus em tudo. Mas o amor de Deus é também eros. No Antigo Testamento o Criador do universo mostra para com o povo que escolheu uma predileção que transcende qualquer motivação humana. O profeta Oséias expressa esta paixão divina com imagens audazes, como a do amor de um homem por uma mulher adúltera (cf. 3, 1-3); Ezequiel, por seu lado, falando do relacionamento de Deus com o povo de Israel, não receia utilizar uma linguagem fervorosa e apaixonada (cf. 16, 1-22). Estes textos bíblicos indicam que o eros faz parte do próprio coração de Deus: o Onipotente aguarda o “sim” das suas criaturas como um jovem esposo o da sua esposa. Infelizmente desde as suas origens a humanidade, seduzida pelas mentiras do Maligno, fechou-se ao amor de Deus, na ilusão de uma impossível auto-suficiência (cf. Gn 3, 1-7).
Fechando-se em si mesmo, Adão afastou-se daquela fonte de vida que é o próprio Deus, e tornou-se o primeiro daqueles “que, pelo temor da morte, estavam toda a vida sujeitos à escravidão” (Hb 2, 15). Deus, contudo, não se deu por vencido, aliás o “não” do homem foi como que o estímulo decisivo que o levou a manifestar o seu amor em toda a sua força redentora.

A Cruz revela a plenitude do amor de Deus

É no ministério da Cruz que se revela plenamente o poder incontível da misericórdia do Pai celeste. Para reconquistar o amor da sua criatura, Ele aceitou pagar um preço elevadíssimo: o sangue do seu Filho Unigênito. A morte, que para o primeiro Adão era sinal extremo de solidão e de incapacidade, transformou-se assim no ato supremo de amor e de liberdade do novo Adão. Pode-se então afirmar, com São Máximo, o Confessor, que Cristo “morreu, se assim se pode dizer, divinamente, porque morreu livremente” (Ambigua, 91, 1956). Na Cruz manifesta-se o eros de Deus por nós. Eros é de fato - como se expressa o Pseudo Dionísio - aquela “força que não permite que o amante permaneça em si mesmo, mas o estimula a unir-se ao amado” (De divinis nominbus, IV, 13: PG 3, 712). Qual “eros mais insesato” (N. Cabasilas, Vita in Cristo, 648) do que aquele que levou o Filho de Deus a unir-se a nós até ao ponto de sofrer como próprias as conseqüências dos nossos delitos?

“Aquele que trespassaram”

Queridos irmãos e irmãs, olhemos para Cristo trespassado na Cruz! É Ele a revelação mais perturbadora do amor de Deus, um amor em que eros e ágape, longe de se contraporem, se iluminam reciprocamente. Na Cruz é o próprio Deus que mendiga o amor da sua criatura: Ele tem sede do amor de cada um de nós. O apóstolo Tomé reconheceu Jesus como “Senhor e Deus” quando colocou o dedo na ferida do seu lado. Não surpreende que, entre os santos, muitos tenham encontrado no Coração de Jesus a expressão mais comovedora deste mistério de amor. Poder-se-ia até dizer que a revelação do eros de Deus ao homem é, na realidade, a expressão suprema do seu ágape. Na verdade, só o amor no qual se unem o dom gratuito de si e o desejo apaixonado de reciprocidade infunde um enlevo que torna leves os sacrifícios mais pesados. Jesus disse: “E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim” (Jo 12, 32). A resposta que o Senhor deseja ardentemente de nós é antes de tudo que acolhamos o seu amor e nos deixemos atrair por Ele. Mas aceitar o seu amor não é suficiente. É preciso corresponder a este amor e comprometer-se depois a transmiti-lo aos outros: Cristo “atra-me para si” para se unir comigo, para que eu aprenda a amar os irmãos com o seu mesmo amor.

Sangue e água

“Hão de olhar para Aquele que trespassaram”. Olhemos co confiança para o lado trespassado de Jesus, do qual brotam “sangue e água” (Jo 19, 34)! Os Padres da Igreja consideraram estes elementos como símbolos dos sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Com a água do Batismo, graças à ação do Espírito Santo, abre-se para nós a intimidade do amor trinitário. No caminho quaresmal, recordando o nosso Batismo, somos exortados a sair de nós próprios e a abrir-nos, num abandono confiante, ao abraço misericordioso do Pai (cf. São João Crisóstomo, Catechesi, 3, 14 ss.) O sangue, símbolo do amor do Bom Pastor, flui em nós especialmente no mistério eucarístico: “A Eucaristia atrai-nos para o ato oblativo de Jesus... somos envolvidos na dinâmica da sua doação” (Enc. Deus caritas est, 13). Vivamos então a Quaresma como um tempo “eucarístico”, no qual, acolhendo o amor de Jesus, aprendemos a difundi-lo à nossa volta com todos os gestos e palavras. Contemplar “Aquele que trespassaram” estimular-nos-á desta forma a abrir o coração aos outros reconhecendo as feridas provocadas à dignidade do ser humano; impulsionar-nos-á, sobretudo, a combater qualquer forma de desprezo da vida e de exploração da pessoa e a aliviar os dramas da solidão e do abandono de tantas pessoas. A Quaresma seja para cada cristão uma experiência renovada do amor de Deus que nos foi dado em Cristo, amor que todos os dias devemos, por nossa vez, “dar novamente” ao próximo, sobretudo a quem mais sofre e é necessitado. Só assim poderemos participar plenamente da alegria da Páscoa. Maria, a Mãe do Belo Amor, nos guie neste itinerário quaresmal, caminho de conversão autêntica ao amor de Cristo. Desejo a vós, queridos irmãos e irmãs, um caminho quaresmal proveitoso, enquanto com afeto envio a todos uma especial Bênção Apostólica.

Vaticano, 21 de Novembro de 2006
Papa Bento XVI

08 fevereiro 2007

Edição n. 126 - "Fraternidade na Amazônia: vida e missão neste chão" ::

Leituras da vida – pág. 12



Magias evangélicas
Quando qualquer pregador fala, é preciso distinguir o que, de fato, leva a Deus do que é pura prepotência humana. Não se pode confundir religião com magia.


Reportagem – pág. 14



Aparecida prepara-se para o V Celam
Acontecerá em maio a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe em Aparecida (SP). A cidade, a arquidiocese e o santuário estão em obras para receber o Papa e os participantes da Conferência.


Estudo bíblico – pág. 20



O que procurais?
Logo no início de seu Evangelho, João coloca uma pergunta feita por Jesus. Ela não é apenas um pedido de informação, mas dá a direção para quem quer seguir o Senhor.