31 maio 2006

REFLEXÃO

SENHOR, DÁ-NOS SEMPRE DESTE PÃO!
Dom Murilo Sebastião Ramos Krueger scj - arcebispo de Florianópolis

Uma das características do homem e da mulher de todos os tempos é sua fome - uma fome que se manifesta de muitos modos: fome de alimento e de bens essenciais à vida; fome de justiça e de liberdade; fome de amor e de esperança. Não foi isso que vivenciou a multidão que, dois mil anos atrás, seguiu Jesus? Homens e mulheres, jovens e crianças estavam às margens do lago da Galiléia. Tinham fome de sua palavra e a escutavam com tanta alegria que não viram o tempo passar. Estavam famintos de pão, e não havia condições de serem saciados em um lugar como aquele, tão distante da cidade. Jesus fez, então, o milagre da multiplicação do pão e se apresentou como o pão vivo que desceu do céu e dá vida ao mundo. A multidão não se conteve e lhe pediu: “Senhor, dá-nos sempre deste pão!” (Jo 6,34).

Não temos nesta terra morada permanente. Somos caminheiros. E como nos cansamos ao longo de nossas estradas! Experimentamos decepções com alguns e surpresas com nossos próprios defeitos; vivenciamos acontecimentos alegres e momentos marcados pela dor. Constantemente nos perguntamos: “Vale a pena caminhar? Há sentido em continuar nossos passos?” Jesus nos responde: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Quer que nos sentemos à sua mesa. Sabe o poder que tem seu pão. Quer que recuperemos as forças para continuarmos o caminho, rumo à comunhão definitiva com a Santíssima Trindade.
Nossa fé afirma e reafirma que Jesus é a única resposta à nossa fome – fome de um sentido para a vida, fome de um sentido para nosso futuro. “Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. O que come deste pão viverá eternamente”(Jo 6,54.58). Especialmente nos momentos em que o sofrimento nos atacar, e que não tivermos resposta para as perguntas que se multiplicarem em nosso coração, precisaremos nos lembrar das palavras de Jesus: “Tomai e comei”. Ele afirma que na Eucaristia encontraremos não só a comida que nos alimenta, mas também o sacramento que nos renova. “O que vem a mim jamais terá fome e o que acredita em mim jamais terá sede” (Jo 6, 34-35). A Eucaristia é a força dos fracos, o vigor dos doentes, o remédio para as feridas da alma, o alimento dos que partem para a última viagem.

“ Senhor, dá-nos sempre deste pão!” O 15º Congresso Eucarístico Nacional, que se realizará em Florianópolis, de 18 a 21 de maio deste ano, quer atualizar esse pedido ao Senhor. Nem todos os brasileiros poderão ir a Florianópolis, para se unir a nós neste pedido. Todos poderão, contudo, participar do Congresso Eucarístico em suas próprias cidades e casas. Como? Meditando sobre o capítulo sexto do Evangelho de São João; dedicando momentos de sua semana para uma adoração ao Santíssimo Sacramento; participando com renovada motivação na missa dominical; lendo textos sobre a Eucaristia; acompanhando as reflexões teológicas publicadas pela Comissão Central do 15º CEN; navegando na página do Congresso na internet (http://www.cen2006.org.br/); rezando pelo êxito de sua realização; manifestando sua gratidão ao Senhor através de gestos concretos em favor de desempregados, anciãos, migrantes, doentes etc. Como lembra uma das estrofes do Hino do Congresso: “No mendigo, no preso, estou presente, / no doente, faminto, no sem lar: / “cada vez que a um deles socorrestes / é a mim que viestes ajudar”.

“Ele está no meio de nós!”, quer proclamar a Igreja no Brasil, durante o 15º Congresso Eucarístico Nacional. “Vinde e vede!”, proclama desde já a Igreja Particular que está em Florianópolis. “Senhor, dá-nos sempre deste pão!”, gritemos juntos ao Senhor.

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