31 março 2006
TEMA DO MÊS
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2006
FRATERNIDADE E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
“Pessoas especiais”? “Pessoas portadoras de deficiência”? Ao longo da história recente foram diversas as maneiras de denominar esses irmãos, que são freqüentemente vítimas de exclusão social e de discriminação. Levando em conta diversas observações de grupos organizados de pessoas com deficiência e de especialistas no trato com elas, preferiu-se a denominação “pessoas com deficiência”. Esta é a nomenclatura geralmente usada no presente.
Quem são as pessoas com deficiência? São tantas: Cegos, surdos, mudos, os que têm algum tipo de lesão ou invalidez física, ou deficiência mental; os que dependem de condições especiais para viverem. E tantos outros. Esses grupos preferem ser reconhecidos como tais, e que a sociedade os leve a sério, como são, sem tentar camuflar sua deficiência, nem pretender que devam ser em tudo iguais aos outros.
O lema, por sua vez, é tomado da passagem do evangelho de São Marcos, onde Jesus cura um homem da mão atrofiada, que estava na sinagoga. Tudo leva a pensar que aquele pobre homem era desprezado e deixado lá num canto, por causa da sua condição. Os fariseus observam, para ver se Jesus o curava, embora fosse sábado: Precisavam de um argumento para acusá-lo. Jesus chamou o homem: “Levanta-te, vem para o meio!” E o curou, na frente de todos.
A palavra de Jesus restitui dignidade àquela pessoa com deficiência; é um convite para que tome coragem e venha para o meio dos outros, venha ocupar o seu espaço social e eclesial, e não tenha medo nem sinta baixa auto-estima; aquele pobre homem deve saber que é gente e tem valor; sua deficiência não lhe impede de viver. Ao mesmo tempo, a palavra e atitude de Jesus são uma mensagem para os outros, os saudáveis e válidos, os que têm a capacidade de raciocinar e até para tramar coisas ruins: Nada de deixar de lado os que têm alguma deficiência, nada de desprezá-los e abandoná-los a si próprios; todos devem acolhê-los e valorizá-los, ajudando-os a se tornarem livres, apoiando-os fraternalmente em vista da sua inclusão social.
O exemplo e a palavra de Jesus continuam a nos desafiar para fazermos o mesmo que ele fez. Em nossos dias, a cultura dominante vai afirmando a tendência a valorizar apenas os fortes, os belos, os que têm um corpo perfeito, os que são capazes de competir e se afirmar, quem pode mais... E com isso, tantas pessoas que não se enquadram nos padrões impostos pelo mercado, a moda e os preconceitos sociais, vão ficando de lado, abandonadas a si próprias, lá num cantinho.
Com certeza, a Campanha da Fraternidade de 2006 será ocasião para uma grande tomada de consciência sobre a realidade geralmente não fácil enfrentada pelas pessoas com deficiência. Será objetivo da Campanha promover em relação a elas atitudes fraternas e ações voltadas para uma verdadeira cultura da solidariedade humana e da fraternidade cristã, que se traduza em leis justas e políticas públicas adequadas para favorecer o reconhecimento de sua dignidade e seus direitos. Deus nos ajude!
* da carta de Dom Odilo Pedro Scherer - CNBB
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário