31 março 2006

ESPIRITUALIDADE RENOVADA


UMA QUARESMA DIFERENTE
por Rogerio Arruda Martins

Olá, que bom ter você por aqui! Iniciamos, neste mês de março, uma nova etapa no Portal SCJ em que contaremos com a publicação eletrônica mensal da Revista Dehoniana. Nesta obra, assumirei esta coluna – “Espiritualidade Renovada” – que tem por objetivo, partilhar algumas direções do Espírito para a nossa vida de oração e intimidade com o Senhor (espiritualidade) numa dimensão, num olhar, e/ou num jeito renovado, ou seja, diferente e até rejuvenescido.
Quero colocar-me a sua disposição acerca de maiores esclarecimentos e até partilhas. Para tanto, na seção "Contatos" na página inicial da Revista, é possível encontrar meu e-mail.

Neste mês, falaremos sobre a Quaresma, este tempo forte na Igreja. Um tempo que se privilegia o recolhimento e o confrontar-se a fim de converter-se e, assim, progredir na fé.

Provavelmente, você já deve ter feito – ou ao menos escutado alguém fazer – uma comparação da Quaresma (40 dias) com os quarenta dias que Jesus passou no deserto após ter sido batizado (cf. Mt 4,1-2; Mc 1,12-13 e Lc 4,1-2).

De fato, a Igreja nos coloca esta comparação; este é um dos sentidos fortes da Quaresma: união da nossa vida com Jesus, sobretudo neste tempo de tentação e provação sofrido por Ele (cf. Catecismo da Igreja Católica nº 540).

Diante disso, quero partilhar com você algo diferente (lembra da nossa proposta?!): experimentarmos, nestes quarenta dias, o que experimentaram os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35).

Mas discípulos de Emaús?! Eles “aparecem” após a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus... por quê falar deles antes?! Vejamos.
Se você ainda não conhece esta passagem, não fique só na curiosidade, mas tome-a e leia-a. Você vai vibrar.

Os discípulos de Emaús estavam como que frustrados, pois o que deveria ter acontecido, parecia não ocorrido: aparentemente, Jesus estava morto e ponto final. Porém, enquanto discutiam, apareceu alguém misterioso que, muito “entrão”, quis fazer parte daquela conversa. Chegou como quem não quer nada, meio desinformado; os discípulos ficaram surpresos com o fato de que o “misterioso” não soubera da última (Jesus Nazareno fora morto).

Enquanto caminhavam para o povoado de Emaús, esses três iam conversando, embora o misterioso agora, falava um pouco mais. Discutiam sobre as Escrituras, sobre a história da salvação, enfim, sobre toda a espera do povo de Deus e a aparente frustração. Quando chegaram em Emaús - já estava anoitecendo - os discípulos, muito gentilmente, convidam o estranho para que ficasse com eles.

Sentados à mesa, o estranho tomou o pão, pronunciou a benção, partiu-o e deu a eles. “Espere! Nós conhecemos alguém que faz isto”.– disseram (podemos imaginar) os discípulos. Foi quando se deram conta de quem se tratava: JESUS. Imediatamente, Jesus desapareceu da frente deles.

Espantados, disseram um ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32) No mesmo instante, decidiram voltar à Jerusalém para testemunharem o que tinham visto e vivido.

Pois bem, aí está um grande roteiro para bem vivenciarmos a Quaresma: caminhar com Jesus – mesmo quando Ele não parecer conhecido – escutando-O falar de Si e da história da Salvação (Revelação); pedir que fique conosco; reconhecê-Lo no partir do pão (Eucaristia). Depois disto, cairmos em nós mesmos confessando que o nosso coração ardia quando falava-nos. O nosso ser estremece na presença do Senhor.

Acompanhados pelo Espírito Santo, consolados por Ele em nossas aflições, angústias, desesperos e desânimos, façamos esta experiência de caminhar esses quarenta dias ao lado de Jesus – partilhando as provações, as alegrias e as vidas – a fim de que, renovados dia após dia, chegando ao fim desta Quaresma (na Páscoa) possamos testemunhar, pelo que vimos e vivenciamos, tanto quanto aqueles discípulos, que Jesus está Vivo! Ele ressuscitou e está no meio de nós!

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