04 outubro 2008

Sínodo da Palavra, sínodo das novidades

A participação de um rabino, do patriarca de Constantinopla e de um número recorde de mulheres, assim como a introdução de mais momentos para intervenções livres, constituem algumas das novidades do sínodo que Bento XVI inaugurará neste domingo.
Estas «surpresas», que incluem a transmissão ao vivo de alguns momentos particulares, foram ilustradas nesta sexta-feira aos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé pelo arcebispo Nikola Terovic, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.


Um rabino e pela televisão
No primeiro dia de trabalhos da assembléia, que tem por tema «A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja», em 6 de outubro, intervirá o rabino.
Chefe de Haifa (Israel), Shear Yashyv Cohen apresentará aos padres sinodais como o povo judeu lê e interpreta a Sagrada Escritura.
Dom Eterovic revelou que a idéia de convidar pela primeira vez um rabino havia surgido de maneira colegial na secretaria do Sínodo dos Bispos. O próprio arcebispo apresentou a idéia a Bento XVI, que «imediatamente acolheu a idéia».
O secretário-geral do Sínodo recordou que o cardeal Joseph Ratzinger, quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, encontrava-se com representantes do povo judeu e com rabinos. Trata-se, portanto, disse, de «um diálogo que continua».
Após o rabino, tomará a palavra o cardeal Albert Vanhoye, S.J., reitor emérito do Pontifício Instituto Bíblico de Roma, que recordará elementos centrais do documento «O povo judeu e suas Escrituras Sagradas na Bíblia Cristã» (24 de maio de 2001), publicado pela Comissão Pontifícia Bíblica, da qual ele era secretário, e o cardeal Ratzinger presidente.
Estas intervenções serão transmitidas pelo Centro Televisivo Vaticano, de maneira que poderão ser emitidas por canais de televisão de diferentes países.


Patriarca de Constantinopla
Também pela primeira vez na história, tomará a palavra diante desta assembléia o patriarca de Constantinopla, Sua Beatitude Bartolomeu I, cujo papel simbólico é reconhecido pelas Igrejas Ortodoxas.
Durante uma Celebração da Palavra, na Sala do Sínodo, Bento XVI e o patriarca ecumênico presidirão as vésperas.
«A seguir, apresentarão suas intervenções sobre a Palavra de Deus, fazendo referência em particular ao Ano de São Paulo», explicou Dom Eterovic.
O patriarca, que falará cerca de 30 minutos, acrescentou o prelado, «trará a saudação das Igrejas particulares que o apóstolo dos povos fundou antes de chegar a Roma, onde foi martirizado». Depois, tomará a palavra o bispo de Roma.


25 mulheres
Este sínodo contará também com a maior participação feminina da história: 25 mulheres, 6 como especialistas e 19 como auditoras. Entre as seis especialistas, a maior parte delas está constituída por professoras de Sagradas Escrituras em universidades de vários países.
As auditoras são, em sua maioria, superioras de ordens religiosas femininas, representantes de movimentos eclesiais, 1 professora de Belas Artes russa e 2 presidentas de Associações Bíblicas nacionais.
«Creio que será uma presença muito importante, disse Dom Eterovic. Poderão participar dos círculos menores», dos grupos de trabalho por idiomas do Sínodo, e «poderão dirigir-se aos padres sinodais na sala».


Mais intervenções livres
Outra das novidades, ilustrada por Dom Eterovic, é o amplo espaço previsto para intervenções livres, um elemento que já havia sido introduzido por Bento XVI no Sínodo sobre a Eucaristia de 2005.
De fato, está previsto que as intervenções preparadas por escrito pelos padres sinodais durem um pouco menos, 5 minutos, para deixar mais espaço para estes intercâmbios. Por exemplo, após a relação antes do debate, com a qual o cardeal Marc Ouellet, P.S.S., arcebispo de Québec, proporá os temas de discussão à assembléia, já se previram as primeiras intervenções livres.
A metodologia prevê que os padres sinodais que queiram tomar a palavra nesse momento reservem seu lugar e depois, por ordem, o presidente delegado os convidará a intervir. Nos dias nos quais haverá congregação geral, estão previstas intervenções livres das 18h às 19h.
Na tarde de 6 de outubro se dará outra novidade metodológica: primeiro acontecerão 5 relações de bispos para indicar como o tema da Palavra de Deus é percebido nos cinco continentes, explicou o secretário-geral do Sínodo.
Após estas exposições, «haverá momentos de discussão livre», que permitirão «ter informação mais precisa sobre a realidade das Igrejas particulares nos diferentes continentes», acrescentou.


Outras novidades... e ausências
Um sínodo de bispos do mundo, pela primeira vez, terá por relator geral um canadense, o cardeal Ouellet, e um africano como secretário especial, Dom Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Quinxassa, na República Democrática do Congo.
Pela primeira vez, o sínodo estabelece também um nexo com o sínodo precedente, deixando um espaço em 10 de outubro para analisar os frutos do Sínodo da Eucaristia por parte do cardeal Angelo Scola, patriarca de Veneza, que foi relator geral daquela Assembléia.
Um dos elementos menos positivos é o fato de que a Santa Sé não pôde convidar os bispos da China continental (haverá padres sinodais de Hong Kong e Macau)
O Pe. Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, informou que não foi possível apresentar este pedido «porque não se dão as premissas» nas relações com as autoridades chinesas.
No último sínodo, a Santa Sé havia convidado 4 bispos chineses, mas eles não puderam participar. Seus lugares no sínodo ficaram vacantes.

Texto/Fonte: Zenit.org

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