O sacerdote deve ser uma pessoa não só de vida espiritual rica, mas também com uma maturidade psicológica e afetiva que lhe permita viver com equilíbrio sua vocação. Para ajudar o discernimento humano e espiritual sobre os candidatos, a Congregação para a Educação Católica apresentou ontem o documento "Orientações para o uso das competências da psicologia na admissão e na formação dos candidatos ao sacerdócio".
Esse texto foi comentado numa coletiva de imprensa pelo cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica, por Dom Jean Louis Brugues, secretário, e pelo professor Carlo Bresciani, psicólogo e consultor da mesma congregação.
O cardeal Grocholewski apresentou em sua intervenção as idéias fundamentais deste documento: o papel do psicólogo na ajuda ao discernimento vocacional do candidato ao sacerdócio, a responsabilidade da Igreja em discernir a vocação e a idoneidade do candidato ao ministério sacerdotal, o bispo como primeiro representante de Cristo na formação sacerdotal, assim como o papel dos formadores e uma adequada preparação.
Também aborda o papel dos pais espirituais, a importância de recorrer à graça no processo de discernimento, a integração do auxílio psicológico dentro de uma visão global da vida do candidato, o psicólogo como um colaborador e não como parte da equipe de formadores e a idoneidade do candidato, da qual o bispo do lugar deve estar seguro para proceder à ordenação sacerdotal.
Um trabalho de anos
Por sua parte, Dom Jean Louis Brugues falou sobre como, nos últimos 30 anos, a Igreja viu a necessidade de avaliar as condições psicológicas do candidato ao sacerdócio, levando assim à elaboração deste documento.
O texto passou por várias fases de preparação. Foi apresentado em uma primeira redação em 2002 pelo então cardeal Joseph Ratzinger, que assegurou que "o documento podia constituir uma ajuda útil para entender os problemas da alma humana de um candidato em fase de amadurecimento".
Dom Brugues assegurou que este tempo "contribuiu para amadurecer, tornando mais explícita a especificidade da vocação ao sacerdócio, dom e mistério não comparáveis com métodos psicológicos".
O prelado explicou que por parte do bispo deve haver sempre um "respeito à liberdade e à intimidade do candidato e, sob a última responsabilidade, dos formadores e do bispo".
Por outro lado, assegurou, quanto à ajuda psicológica aos candidatos ao sacerdócio, existe o perigo de cair em dois erros: o primeiro é que o psicólogo ou o psiquiatra assuma o papel que corresponde ao diretor espiritual, e o outro é que os formadores pensem que não é necessária a ajuda dos psicólogos para a maturidade vocacional de quem aspira a ser sacerdote.
Formação de uma vocação
Por sua parte, o professor Carlo Bresciani se referiu ao tema da formação do sacerdote, sublinhando que "o primeiro ator de cada formação é o próprio candidato" e que "a Igreja sempre está preocupada por proporcionar ao candidato ao ministério sacerdotal formadores preparados para compreender em profundidade sua personalidade humana".
Também assegurou que o candidato ao sacerdócio deve ter a liberdade de escolher o psicólogo que mais puder ajudá-lo.
Igualmente, disse que "muitas inaptidões psíquicas mais ou menos patológicas se manifestam apenas depois da ordenação sacerdotal" e "discerni-las a tempo permitirá evitar muitos dramas".
"É evidente que uma psicologia que se fecha à dimensão transcendente, que exclui o sentido da castidade ou se fecha a determinados valores que são próprios da Igreja, não pode ajudar a um amadurecimento vocacional para uma consagração da própria vida do ministério", acrescentou Bresciani.
Por isso, advertiu que "o psicólogo deve ter uma compreensão teórica e uma aproximação para tomar a dimensão transcendente da pessoa com os dinamismos e qualidades que devem amadurecer na pessoa".
Texto: Zenit.org
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