31 outubro 2006

Dia Nacional da Juventude

UMA ESPIRITUALIDADE PARA NOSSO TEMPO
Nos últimos anos, por influência das mudanças culturais, a experiência religiosa sofreu uma profunda transformação, passando de um discurso mais racional, centrado, sobretudo, no institucional, para um discurso centrado na própria vida e nas experiências individuais e grupais.
Para muitos jovens, é mais fácil ter uma experiência do sagrado no dia-a-dia do que no ambiente religioso, enquanto comunhão institucional. A pastoral da juventude é chamada a estabelecer um diálogo entre a experiência do Espírito de Jesus que os jovens estão vivendo em seus diversos meios e com suas diferentes sensibilidades e a experiência recolhida na vivência e na tradição da comunidade crente. O critério fundamental para um diálogo é o Evangelho. Assim, a pastoral da juventude, proporciona uma experiência de fé em Deus que se revela em Jesus pela ação do Espírito na prática cotidiana. “Que dinamize uma espiritualidade do seguimento de Jesus que propicie o encontro entre a fé e a vida, que seja promotora da justiça, da solidariedade e que anime um projeto promissor e gerador de uma nova cultura de vida.” (Santo Domingo, 166).
Uma espiritualidade para a juventude só será eficaz e verdadeira se for nova, ou seja, nova diante do estabelecido, do definido, do dissidente, do oficial. Considerando a juventude uma fase de crescimento, de ardor, e de repulsa aquilo que é “velho”, torna-se necessário re-criar uma espiritualidade para a juventude.
Essa espiritualidade é Jesus Cristo e sua mensagem de projeto para a comunidade de discípulos, é a que brota da vida, da história de cada jovem que tem a coragem de descobrir o seu sentido e dar um mergulho na sua subjetividade e deixar Jesus Cristo vir à tona no seu dia-a-dia. A razão deve afastar-se para dar espaço as emoções, a imaginação e a fé. A mensagem do Evangelho precisa ser apresentada como resposta a todas as dimensões da vida do jovem.
A espiritualidade que vivenciam os jovens na pastoral da juventude é condicionada pela diversidade de suas origens, pelas diferenças das histórias pessoais e pelas características originais do encontro de cada um com a pessoa de Jesus. A instabilidade e a ambigüidade próprias da juventude influenciam na formação e na expressão desta espiritualidade. É uma espiritualidade alegre e festiva, tem como eixo central a celebração da vida. Capacita os jovens a olharem para os problemas a partir da visão libertadora da esperança cristã, e para buscar possibilidades e soluções novas.
É uma espiritualidade encarnada que leva os jovens a estarem inseridos em seu meio e a responderem às exigências que surgem das situações vivenciadas de pobreza, injustiça e violência. Busca caminhos para tornar efetiva a opção pelos pobres, promove o sentido profético da mensagem cristã denunciando os sinais de morte e promovendo os sinais de vida, anunciando Jesus Cristo como o único Salvador.

Júlio César Fernandes é diácono transitório pertencente à Arquidiocese de Sorocaba e Assessor Religioso arquidiocesano da Pastoral da Juventude.

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