11 agosto 2007

Mãe acorrentava filho para protegê-lo das drogas


Um adolescente de 16 anos havia sido acorrentado à cama pela mãe em Caxias do Sul (RS) e desde sexta-feira (dia 10) está internado em uma clínica de desintoxicação em Porto Alegre. A mãe diz que o prendeu para tentar protegê-lo, porque ele é usuário de crack. O rapaz permanecerá na clínica por 15 dias, depois passará por nova avaliação médica, de acordo com a mãe do jovem.
Em entrevista, a mulher de 36 anos contou que prendeu o filho para evitar que ele usasse crack. “Não é fácil chegar ao ponto de acorrentar o próprio filho, mas foi o único meio que encontrei para segurá-lo em casa. Eu só estava preocupada em mantê-lo longe da droga”, afirma. “Meu filho sabe que foi para o bem dele e aceitou, não ficou revoltado.” Auxiliar de produção em uma metalúrgica, a mãe do adolescente explicou que o jovem quer ajuda para largar o vício. “Ele está motivado desta vez, mas sozinho não consegue. Eu sofro, mas tenho pena dele quando me olha e fala ‘mãe, me ajuda, porque o crack é mais forte que eu’”, diz. O jovem já havia sido internado antes, mas fugiu da clínica.

O adolescente começou a usar maconha aos 12 anos, por influência de amigos, e hoje é usuário de crack, segundo a mãe. Para sustentar o vício, ele acabou vendendo eletrodomésticos e objetos da casa, além de roupas e sapatos. “Ele vendeu tudo o que eu tinha, até chinelo de dedo usado”, afirma a mãe, que já teve de buscar o filho na delegacia à noite porque ele foi preso por andar só de cuecas na rua. Para ela, o momento mais difícil foi quando chegou em casa um dia e não encontrou nada. “Eu tive aquele choque, pensei que a casa tivesse sido assaltada. Sumiu a TV, o DVD, o microondas, eletrodomésticos, minhas roupas e até brinquedos da minha outra filha, que tem 6 anos”, diz. “Pensei que tivessem levado meu filho e foi um alívio quando ele voltou, apesar de ter sido ele mesmo que vendeu tudo que tínhamos.”

A mãe do jovem diz que gasta quase todo o salário de R$ 600,00 para pagar despesas do filho e dívidas acumuladas por causa do uso de drogas. “Ele já foi internado antes e tive de arcar com parte dos custos. Não tinha dinheiro para a comida, então tinha de jantar com minha filha na casa do meu sogro”, diz a mulher, que é separada, mas afirmou receber ajuda financeira e apoio emocional do pai do adolescente.
Foto: Nereu de Almeida/Pioneiro/Ag. RBS
Reportagem: G1/Globo

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