12 julho 2006

Texto da Coluna do Pe. Augusto no site da Revista IR ao POVO

Marcos, o leão
Marcos é o evangelista do evangelho que leva o nome dele. Foi discípulo de Paulo, conforme a tradição. Teria sido o moço que fugiu das mãos do soldado que prendeu Jesus, deixando a roupa nas mãos dele. Não é do grupo dos apóstolos, mas seguidor fiel de Jesus Cristo. Como evangelista, recolheu as reflexões de sua comunidade e redigiu o primeiro evangelho escrito.

Leão
Marcos é representado como o leão, segundo a tradição, porque o evangelho dele apresenta, logo no início, João Batista como a voz que soa no deserto, vigorosa, chamando o povo à conversão. O deserto é o lugar do leão com seu rugido potente. O deserto é também o lugar de recolhimento para se fazer o discernimento entre o que é o que não é de Deus. O povo judeu passou quarenta anos no deserto, entre altos e baixos, para decidir-se a aceitar a proposta de se tornar o povo Deus. Tornar-se povo de Deus foi comprometer-se com o projeto de vida e liberdade para todos. E Deus tornou-se o Deus do povo! O compromisso, pois, é dos dois lados. Deus e o povo são parceiros na aliança.

Ano litúrgico B
A liturgia de nossa Igreja celebra, no espaço de um ano, o mistério de Jesus Cristo e a história da salvação. São, porém, três anos, cada qual iluminado por um dos evangelhos: Mateus (A), Marcos (B) e Lucas (C). Esses evangelhos se revezam a cada ano. São a fonte da reflexão das comunidades durante o chamado Tempo Comum, que estamos vivendo atualmente, no ano litúrgico. O evangelho de João é usado em tempos fortes como o Tempo Pascal. Este ano é o ano B, com o evangelho de são Marcos.

O evangelho
Este evangelho foi o primeiro escrito, pelo ano 68 depois de Cristo. Portanto, é um relado muito próximo do tempo dos acontecimentos relacionados com a pessoa de Jesus Cristo. Havia ainda vivas pessoas que haviam participado de tudo. Os membros da comunidade eram testemunhas oculares, estiveram presentes, eram confiáveis. Trata-se de testemunhas vivas. Catecismo O evangelho de Marcos foi usado por muito tempo, nas comunidades, como catecismo, na preparação das pessoas para se tornarem cristãs pelo batismo (os catecúmenos). O evangelho de Marcos tem por objetivo responder a duas perguntas que são fundamentais para alguém tornar-se cristão: quem é Jesus Cristo e quem é o discípulo de Jesus Cristo. As respostas a essas perguntas essenciais, Marcos vai dando no decorrer do evangelho.

Hoje
Nós, atualmente, no decorrer do ano litúrgico, vamos recordando o assunto do evangelho. A cada domingo, o esquema é praticamente o mesmo. Marcos apresenta quem é Jesus, pelo que ele fala e pelo que faz. No evangelho de Marcos, Jesus ensina muito mais pelo que faz. O que ele faz? Pela prática dos sinais (milagres), Jesus liberta as pessoas das coisas que as oprimem. O aspecto exterior das curas, por exemplo, simboliza o que acontece no interior, pela ação de Jesus. Não é coisa mágica nem remédio, é a ação direta de Jesus Cristo. Durante o correr do ano litúrgico, isso vai ficando muito claro.

O discípulo
O discípulo é quem aprende as ações e as falas de Jesus. Para quê? Não para esbanjar sabedoria de cor e salteado, mas para falar e fazer o que Jesus falava e fazia. O discípulo torna a sua vida a própria vida de Cristo. É claro que não se trata de repetir o que Jesus falava e fazia. Trata-se de falar e fazer hoje o que Jesus hoje falaria e faria. De acordo com as necessidades de hoje.

Educação cristã
A celebração litúrgica é muito pedagógica, porque educa as pessoas e as comunidades para se tornarem cada vez mais discípulas que dão testemunho de Jesus Cristo.

Frater Damião
Estará nos dias 21, 22 e 23 de julho divulgando a revista em Presidente Prudente (SP)

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